Perda Gestacional: O que Revela a Pesquisas Sobre o Cuidado e o Acolhimento
- tempo de aurora Oficial
- 17 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de jul.
Um estudo recente publicado na revista Psicologia: Ciência e Profissão investigou como casais brasileiros percebem o acolhimento e o atendimento recebido nos serviços de saúde após uma perda gestacional, ou seja, quando o bebê morre antes do nascimento. Os resultados trazem reflexões valiosas para quem busca compreender o impacto desse evento e os desafios enfrentados por famílias em luto.
Principais Descobertas da Pesquisa
Sentimento de Impotência e Solidão: Muitos casais relataram sentir-se impotentes e abandonados durante a internação hospitalar, especialmente devido à falta de informações claras e acolhimento. Diferenças de conhecimento e comunicação entre profissionais e pacientes agravaram essa sensação de vulnerabilidade.
Falta de Acolhimento e Humanização: Predominaram experiências negativas relacionadas ao uso de termos técnicos frios, ausência de sensibilidade e práticas desumanizadas, como a internação em alas junto a mães com bebês recém-nascidos, o que gerou sofrimento emocional intenso para quem perdeu seu bebê.
Saúde Mental Pouco Considerada: O apoio psicológico e o cuidado com a saúde mental foram raros. Em muitos casos, o suporte ficou restrito a iniciativas pontuais, sem oferta sistemática de acompanhamento psicológico, mesmo em situações identificadas como profundamente traumáticas.
Banalização da Perda Gestacional: Houve relatos de profissionais que tratam a perda como algo “normal” ou rotineiro, contribuindo para a sensação de que o luto não é digno de atenção, invisibilizando a dor dos pais e dificultando sua elaboração.
Aspectos Positivos Também Existem: Alguns relatos destacaram bons atendimentos, marcados pelo respeito à decisão dos pais, clareza na comunicação e posturas acolhedoras de profissionais isolados, mostrando que é possível um cuidado mais humano e sensível.
Recomendações e Caminhos
A pesquisa aponta para a necessidade urgente de:
Formação e Capacitação Profissional: Profissionais de saúde precisam ser qualificados para lidar com o luto perinatal e praticar uma comunicação mais empática.
Valorização do Apoio Psicológico: O suporte à saúde mental não deve ser opcional, mas parte fundamental do cuidado em caso de perda gestacional.
Humanização dos Serviços de Saúde: Recomenda-se fortalecer políticas de humanização, garantindo espaços adequados e respeitando a individualidade das famílias.
Reflexão para a Comunidade Tempo de Aurora
Os achados reforçam a importância de espaços de apoio e escuta, como o Tempo de Aurora, onde mulheres e famílias possam compartilhar experiências, encontrar acolhimento e reconstruir o sentido diante da perda. Validar o luto, ouvir e cuidar são passos essenciais para transformar a dor em resiliência e empoderamento coletivo.
Referência:Vescovi, G., & Levandowski, D. C. (2023). Percepção sobre o cuidado à perda gestacional: Estudo qualitativo com casais brasileiros. Psicologia: Ciência e Profissão, 43, 1-17.
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